Sem
querer fazer o papel de desmancha prazeres, mas fazendo, lancei muitas dúvidas
quanto à eficácia das Unidades de Policia Pacificadora instaladas nas favelas
do Rio de Janeiro. Trata-se de uma inovação, que tende a médio e longo prazo
sofrer descontinuidade administrativa, porque vem não como politica pública,
mas um programa de governo com a chancela Cabral-Pezão. Ninguém quer colocar azeitona na empada dos
outros. Muda o governo, mudam as políticas. Todavia, o mais grave é o aliciamento
dos policiais pelos narcotraficantes.
Não há uma ocorrência policial envolvendo bandos de marginais que não
tenha policiais envolvidos. Enquanto não se melhorar a qualidade do policial e o
salário dos mesmos nada dará certo na área de segurança.
Somente
com muita demagogia e ingenuidade as autoridades do Rio de Janeiro poderiam
acreditar que as Unidades de Policia Pacificadora dariam certo nos morros onde
os moradores só recebem carinho nos desfiles de carnaval, nas eleições e nas
exibições dos rebolados sensuais das mulatas.
Enquanto não for solucionado o problema da
educação, da saúde, do transporte os conflitos entre povo e polícia vão se
repetir sistematicamente. De um lado, os
moradores dos morros são agredidos, roubados, violentados, ora pelos traficantes,
ora pelas milícias e depois pelos policiais que deveriam protegê-los. Por outro
lado, policiais recém contratados já começam desmotivados, pois são transferidos
das suas localidades e se apresentam amedrontados nas vielas desconhecidas e
despojados de armamento de enfrentamento.
Como
disse, o maior problema do Brasil ainda é a descontinuidade administrativa. Em
outros países, como o Japão, os planejamentos são de longo prazo. Nos Estados
Unidos troca-se o governo republicano pelo democrata e substituem-se os
secretários e mais meia dúzia do segundo escalão e pronto, está montada a
equipe do novo governo. No Brasil, tudo que é feito pelo governo anterior não
serve. Estamos sempre começando do zero toda vez que muda o governo. E é assim
que o dinheiro público vai para o ralo. Só como exemplo, o rompimento do
governo com o PMDB, levou a presidente Dilma demitir 700 indicados pelo partido
que estão em cargos nos segundo e terceiro escalão. Imagine se somarmos os
indicados de outros partidos e do próprio PT. Leve isso para as esferas estaduais
e municipais e o caos está instalado.
Quando o ex-presidente Fernando Henrique
findava seu governo, afirmou que sua tarefa fora conter a inflação e que a
segurança seria prioridade do governo Lula. Infelizmente não foi o que ocorreu.
Enquanto o equilíbrio das contas continua preocupando o governo, a insegurança
grassa de ponta a ponta no país. Fora intervenções pontuais de autoridades, as
ações tomadas para reverter a situação da criminalidade no país são inócuas.
Tão logo cessada uma comoção pública, por um infausto acontecimento, as
autoridades se voltam para a rotina e deixam que o tempo resolva tudo.
Com relação à
segurança propriamente dita, acredito que antes de investir na mesma é preciso
depurar os quadros policiais. Colocar “bandidos fardados” para combater bandidos
é inútil. São todos da mesma cepa, espelho da mesma sociedade corrupta de onde
foram tirados.
As cidades
estão dominadas por marginais e o cidadão vive acuado. Bandido não pode ter
direito a dez, doze advogados, tem direito a um defensor público e basta.
Qualquer
sociólogo pé de chinelo sabe que bandido que continua bandido na prisão jamais
deixará de ser bandido. É duro dizer, mas muito bandido não tem família, tem
cúmplices.
O Estado do
Rio de Janeiro é um infeliz nas mãos de políticos que pensam que entendem de
segurança pública.
Até que no Rio
de Janeiro, antes da “democratização”, não havia bandidos, sequestradores,
narcotraficantes, nem cocaína.
Quando a
polícia encontrava cem gramas de maconha, era notícia na televisão.
“Se UPP não der certo, vamos todos para o
buraco”, disse o coronel Frederico Caldas, relações-públicas da Polícia Militar
do Rio de Janeiro, em entrevista ao jornal O Globo, criticando o pessimismo de
algumas pessoas em relação ao processo de pacificação de comunidades no Rio de
Janeiro.
O Grande Rio tem cerca de mil favelas. Até
agora, passados seis anos ou mais, foram instaladas 38 UPPs e várias delas já
precisam ser reformadas e dotadas de segurança para os policiais que ali ficam
expostos às miras das melhores armas em mãos dos traficantes. Esses
investimentos feitos até agora obrigaram traficantes a mudarem temporariamente
de lugar e enfraqueceram a segurança de outras cidades, em especial Niterói,
com um contingente policial inferior ao que está no Complexo da Maré.
Quantos
policiais e moradores de favelas terão que morrer ainda para o governo do Rio
de Janeiro, com o apoio do governo federal, parar com a demagogia de vender
produtos sem prazo de validade?
As polícias
civil e militar devem atuar na proteção à vida e ao patrimônio da população e
não enfrentar guerrilheiros do tráfico. Isso é tarefa para as Forças Armadas,
como na Colômbia, onde os guerrilheiros e traficantes das FARC, amigos de Lula,
são combatidos pelo Exército. Ideologicamente, o governo brasileiro não
reconhece nos guerrilheiros e narcotraficantes um apêndice dos subversivos de
outrora como Lamarca, Marighela e Genoíno. Os traficantes que aterrorizam o Rio
de Janeiro e São Paulo têm que ser combatidos em ações de guerra pelo Exército,
Marinha e Aeronáutica treinados para matar e não morrer como os infelizes PM
lançados à própria sorte, com o único intuito para inglês ver. Enquanto Dilma,
Lula, Gilberto Carvalho e Maria do Rosário continuarem ideologizando a
segurança pública, vamos lamentar as viúvas e órfãos dos policiais.
Políticos,
autoridades e parte da imprensa acreditam que as UPPs são a solução para a
segurança das comunidades da cidade. A experiência no Rio, com a instalação de
UPPs nos morros mostrou os traficantes se deslocando para outras comunidades
vizinhas. Antes mesmo do fim do processo
de ocupação final das favelas, eles foram retornando aos seus morros de origem.
O governador
Pezão, diante do iminente desastre das UPPs, resolveu agir fora das normas,
como afirmou para Miriam Leitão em entrevista na Globo News. Alfinetando a
prefeitura e órgãos ambientais, se disse impedido de construir as UPPs em
alvenaria e concreto armado porque estariam situadas acima da cota permitida
pela legislação e a licença ambiental requer uma burocracia que faz burro
dormir, enquanto os traficantes constroem onde, como e quando querem sem dar
satisfação alguma ao estado de direito. Ele
sabe que vai ser processado pelas ilegalidades cometidas, acrescentando mais um
punhado de atos ao seu acervo perante os tribunais de justiça.
Como eu disse
em 2006, as UPP não teriam futuro, no máximo até as Olimpíadas. A 150 dias do evento,
a secretaria de segurança limitou a 30 litros de combustível para cada carro da
Polícia Miliar e 20 litros para a Polícia Civil. Parece piada, não é, o carro patrulha
perseguindo bandido e fica sem gasolina.
O combate ao trafico nos morros parece que já foi
abandonada há bastante tempo. Com isso, sem confronto o trafico age normalmente
e os assaltos e ataques na cidade se fazem sem qualquer prevenção policial. E
as balas perdidas continuam ceifando vidas.