segunda-feira, 5 de outubro de 2015

PIXULECO, A ORIGEM


PIXULECO, A ORIGEM


            Transcorria o ano de 2004 e o ex-agente Barba, do Dops, atual presidente e babalorixá de Banania, reúne mais uma vez a quadrilha para definir novos rumos, tendo em vista devassa feita nas contas do mensalão.

            Barba, como líder do grupo, tomou a palavra e com sua voz rouca:

            —Cumpanheros, é preciso reorganizar as ações do nosso grupo, temos que eliminar os incompetentes e ingênuos que por fraqueza fizeram nosso esquema de arrecadação de propina e lavagem de dinheiro ruir com tanta facilidade.

            Bob, como capitão do time, interrompeu Barba:

            —Mas Barba, quem são os ingênuos que vamos eliminar?

            —Eu deveria começar com você, que escolheu tão mal a equipe para administrar a compra de votos no congresso. Mas vou te dar um voto de confiança e proponho eliminar o Genoíno por sua infantilidade em assinar promissórias falsas de um empréstimo fictício no Rural, para lavar o dinheiro oriundo do Banco do Brasil. Para piorar a lambança, viu-se na situação de pagar o empréstimo que não existiu para tirar o seu da reta e deu um prejuízo na tesouraria do nosso Partido da Boquinha no valor de seis milhões de reais. O Silvinho também está fora por ter delatado o esquema e vendido sua liberdade e o Delúbio por sua arrogância em dizer que o nosso eficiente mensalão iria virar uma piada de salão.

            —Concordo com você chefe—atalhou Bob, já que o Genoíno não resiste nem a um tapa na cara, como também delatou nossos companheiros no Araguaia, e o Silvinho, como diz a senhora Ministra das Minas e Energia: “não respeito delator”. Mas o Delúbio foi um companheiro leal, fechou o bico e aguentou sozinho o tranco de anos na prisão.

            —Problema dele, teve a oportunidade de jogar a culpa em cima de você e não o fez — respondeu Barba. Vamos aos planos.

            —A nova operação do petróleo vai se chamar Pixuleco. Todos os comunicados entre o grupo deverá ser referido ao Pixuleco.

            Bob pediu esclarecimento se não seria Fuleco.

            Barba perdeu a paciência:

            —Porra Bob, se liga, Fuleco é a mascote da Olimpíada, a nossa propina vai ser PIXULECO.

            —Tá bem Barba não se irrite — implorou Bob.

            —E tem mais, de hoje em diante teremos alcunhas e senhas. A minha será Brahma daqui para frente, por razões óbvias, não?

            Duque Estrada até então calado saltou na frente e pediu que fosse então chamado de My Way.

            Barusko Patusco se identificou como Sab. A alcunha causou estranheza no grupo e então esclareceu que era abreviatura de Sabrina. Houve risinhos contidos entre os demais participantes.

            Vaccaria propôs ficar com o antigo apelido do chefe, devido a sua barba hirsuta, mas o chefe não aceitou e propôs Mochila, também por razões óbvias.

            Mochila então pediu que fosse chamado de Moch. O grupo concordou desde que ele carregasse uma mochila nas costas para transportar a dinheirama que pretendiam arrecadar nos contratos das estatais que exploram o piche.

            E qual a senha que usaremos? - perguntou o amigo Paulinho.

            A senha para entrada nos escritórios do cartel será tulipa e a contra senha será caneco.

            Todos concordaram com a cabeça e Bob acrescentou: legal, tudo a ver, Brahma, tulipa e caneco.

            Brahma então passou a detalhar o plano.

             O coordenador do cartel será o Ricardão, o operador da lava jato é o turco Primo, assessorado pela japa Greta Garbo.

            —E o seu amigo Paulinho, qual o papel dele?- perguntou Moch.

            —O esquema é o seguinte: O Paulinho vai para a diretoria de Abastecimento da empresa produtora de piche para atender o PP. O Duque será o diretor de Serviços e vai desviar recursos para o nosso Partido da Boquinha. O Cerveró ficará com a diretoria Internacional onde estão as encomendas de sondas para extrair o piche e servirá ao nosso principal aliado, o PMDB. Como os relatórios dele são falhos técnica e financeiramente que se dane o PMDB se cair nas malhas da Polícia Federal.

            Paulinho pôs em dúvida se Batman Faerman era confiável.

            Brahma deu um murro em cima da mesa e gritou:

            —E aqui tem alguém confiável?

            Bob, o capitão do time, quis saber qual era o papel dos parceiros Tigrão, Melancia e Eucalipto que apareciam no organograma criminoso do cartel do piche, mas que não estavam participando da reunião.

            Brahma respondeu:

            — “Nem que a vaca tussa revelarei esses personagens”. Bom, a gente nunca sabe, amanhã posso estar em baixa de novo e ter que voltar a ser alcaguete da policia.

            Bob queria saber sobre Bebê Johnson (Argolo) e Leitoso (Eduardo Leite), mas notou que o chefe já estava sem paciência e deixou para outra oportunidade, já que tinha muitas dúvidas se poderia continuar fazendo suas “consultorias” milionárias para as empreiteiras do cartel.

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